Bairro de Santo André vira depósito de cachorros

Moradores do bairro Clube de Campo, em Santo André, estão indignados com o número de cachorros abandonados pelas ruas. Segundo a vizinhança, a quantidade de animais despejados por lá aumenta diariamente. O motivo da preocupação é o risco de proliferação do carrapato-estrela, que se hospeda em cães e provoca a febre maculosa. Desde o início do ano, sete pessoas já morreram no local com sintomas da doença.

O Clube de Campo, que fica em área de manancial, cerca a Represa Billings e é rodeado por extenso matagal. Moradores relatam que é comum ver pessoas de fora abandonando ninhadas de cães e gatos. O local geralmente escolhido é um ponto de ônibus na Rua Garça Branca. As ações acontecem principalmente durante a madrugada. A equipe do Diário percorreu as ruas do bairro nesta semana e viu grande quantidade de bichos circulando.

Preocupada com o avanço do problema, a dona de casa Neuma Marta Queiroz, 42 anos, acolhe alguns animais, mas não dispõe de estrutura para cuidar de todos. Em sua casa, na Rua Cuitelão, vivem cinco cachorros, hoje castrados e vacinados e que foram retirados das ruas há alguns anos. “Eles estão migrando aos poucos. Presenciamos muita crueldade, mas ninguém faz nada”, conta.





A Prefeitura Municipal de Santo André, que foi acionada após duas mortes ocorridas em outubro, informou na época que usou carrapaticidas nos cachorros. Os munícipes denunciam, entretanto, que o veneno foi utilizado apenas nos animais que têm donos.

No fim de semana, quando um temporal caiu sobre a região, uma cadela e seis filhotes foram abandonados em frente à casa de Neuma, por volta de meia-noite. “De repente, todos escorregaram pelo barranco. Não tem como não salvá-los”. A família canina se alojou próximo a uma marquise da residência, ainda no meio do mato, onde vive atualmente.

O irmão da moradora alerta para o perigo da transmissão da febre maculosa caso não haja intervenção. “Esse lugar é uma panela de pressão. Se acontecer algum surto, vai fugir do controle”, alerta o autônomo Nildésio Queiroz, 42.

O bairro tem pouca movimentação de pedestres. Quem circula diariamente pelo local relata problemas com o excesso de animais. “Vários já foram atropelados” lembra o estudante Alisson Juan, 15.

A Prefeitura informa que ações de conscientização foram executadas desde outubro com aplicação de remédio em animais e trabalho de identificação de novos casos. A administração alegou que profissionais da Saúde têm orientado moradores em reuniões para evitar que deixem os bichos soltos.

Fonte: Diário do Grande ABC





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